26 de fevereiro de 2009

Um pensamento

Todas as vezes que me deito em minha cama,
eu fecho os olhos e me vem um pensamento;
um pensamento poderoso e que me inflama
tal como o sol inflama os céus, o firmamento:

Estou, Senhor, fazendo jus ao Teu amor?
Fazendo tudo o que consigo e deveria
para ajudar aos que tem fome, sede e dor,
como o Senhor, por ser Amor, por mim faria?


Estou, Senhor, fazendo jus ao Teu amor?
Usando o tempo que me destes para o bem?
Reconhecendo o que na vida tem valor
e procurando a fé levar aos que não têm?


Estou, Senhor, ao Teu amor fazendo jus?
Reconhecendo a minha imensa ignorância?
Reconhecendo que o Teu nome é como luz,
que é toda a luz!, que é luz!, que é luz!, e em abundância?

Senhor, eu sei que sou pequeno e desprezível,
imenso apenas em orgulho, em egoísmo;
que sou também de uma vaidade intraduzível
e que carrego a essência torpe do cinismo.

Senhor, eu sei que Tu viestes dar o exemplo
- o próprio corpo oferecestes ao tormento!
Será que faço do meu corpo um vivo templo
em que habitas o Teu santo ensinamento?

Eu sei, Tu sabes, que sou fraco, melindroso,
intransigente, preguiçoso, inconsequente;
acomodado, indiferente, rancoroso,
ganancioso, irracional, maledicente!

Como, meu Deus, posso ser digno do amor
que no Senhor é a régua própria do infinito?
Responda, Amor, eu faço jus ao teu Senhor?
(talvez a Dor saiba dizer, mas sempre a evito!)

Todas as vezes que me deito em minha cama,
eu fecho os olhos e coloco-me a pensar:
Senhor, Senhor, a consciência já me chama...
...não faço jus, não faço jus...preciso amar!

25 de fevereiro de 2009

As tuas coisas

É a intenção com que lidas com as tuas coisas que as tornam especiais.

Irreversível

Nem as botas dos soldados alemães,
em França,
nem as botas do astronauta americano,
na lua,
fizeram o tempo parar.
Esse,
senhor do senhor do senhor dos senhores,
não sabe o que é bom,
não sabe o que é mal,
não sabe o que é belo,
amável ou repugnante.
Sabe,
apenas,
soberba e soberanamente,
que todas as coisas
- inexoravelmente -
ocorrem como

prenúncio,
preâmbulo,
prelúdio

do único e inevitável fim a que tudo se dirige:
a divinização do homem.

20 de fevereiro de 2009

Sabes, sabes, sabes

Sabes, sabes, sabes!
Sabes, sabes bem:
tudo o que em mim cabe
é meu e teu também.

Olhos, sentimentos,
alma e coração;
tens meus pensamentos,
tens minha razão.

Tudo o que em mim cabe,
quase nada é meu...
...sabes, sabes, sabes:
tudo, tudo é teu!

Sabes, sabes, sabes!
Sabes, sabes sim:
tudo o que em mim cabe
é teu, só teu e fim.

9 de fevereiro de 2009

(Des)importância

Por mais que eu me esforce,
pesquise ou pergunte,
não hei de encontrar
a exata palavra
que melhor defina
a minha infinita,
imensa e impensável,
escassa importância
no arranjo eterno,
perfeito e real,
das coisas que há
- embora eu possua,
em meu pensamento,
total importância
e todo o valor
que eu mesmo me dou.

7 de fevereiro de 2009

Quantas, quantas vezes, quantas?

Vigiar o telefone
não comer, não sentir fome
não saber o que fazer

Escrever o tempo inteiro
abraçar o travesseiro
todos, todos esquecer

Ter as mãos abobalhadas
as idéias bagunçadas
o pensar desconcertado

Ai Senhor! Por que deixaste
tal perigo acontecer-me?
Por acaso não lembraste
que pedi para esquecer-me?

Quantas? Quantas vezes? Quantas?
Machuquei-me o coração?
Tantas! Tantas vezes! Tantas!
Por que mais uma ilusão?

Não dormir, nem trabalhar,
ver o tempo rastejar
sem que nada me aconteça

Respirar só por suspiros,
por nos olhos luzes, brilhos...
...não ter nada na cabeça...

Ai Senhor! Por que deixaste?
Por acaso não lembraste
que pedi para esquecer-me?

Tantas! Tantas vezes! Tantas!
Quantas? Quantas vezes? Quantas
já pedi para esquecer-me?

2 de fevereiro de 2009

Após você

Mesmo que Deus todo o meu sangue envenenasse
e assim secasse todo, e enfim, meu coração,
e me dissesse - “Viveria se parasse” -
eu Lhe diria - “Meu Senhor, Te digo não”.

Mesmo que Deus aponte a mim a mão da Morte
e da Desgraça se Sua voz desobedeço,
me faço surdo, cego os olhos, perco a sorte,
mas não te esqueço, não te esqueço, não te esqueço!

Mesmo que Deus me condenasse ao mal eterno
e me fizesse prisioneiro de outras chamas,
as labaredas, eu diria, de outro inferno,
não são tão quentes como o peito de quem ama!

Mesmo que Deus desse-me vida fora desta
caso eu quisesse e se eu pudesse te esquecer,
nessa outra vida - não tão longe do que resta -
eu passaria, morreria sem viver:

não existe vida se não vive-se ao teu lado,
não existe tempo que me faça te esquecer,
não existe nada que do nada foi criado,
não existe vida para mim após você.

1 de fevereiro de 2009

Freud explica

Do útero de minha mãe direto para o seu seio - apenas Freud compreende o bem que você me faz.

Ainda sobre a saudade

Saudade é um perfume
- passado -
na alma.