6 de novembro de 2008

Erros

Eu não esqueci
o bem que você me fez.
Nem quanto eu errei
sem saber que errava.

Eu não esqueci.

Aprendi,
inclusive,
que há erros que ensinam,
há erros que esmagam.

Você
desenhava
o sol,
e
eu
o
escurecia.
Você
desenhava
o
céu,
e
eu
o
enegrecia.
Você
desenhava
a
luz,
e
eu
a
obscurecia.
Você
desenhava
a
lua,
e
eu
a
eclipsava.

Você
desenhava,
e
eu
apagava.
Eu não estava pronto.
Eu não estava pronto.
Eu não estava pronto.

Eu não estava pronto.

E,
agora,
eu me pergunto:
existirá perdão
para quem não se perdoa?

3 comentários:

N. Moscardi disse...

Esplêndido (:

Marcelino disse...

A princípio eu não estava atinando para a razão da disposição de versos monossilábicos no interior do texto, depois eu saquei que tu, com esse artifício, estavas inprimindo um ritmo cuja pausa expressa a angústia de quem errou em relação a uma pessoa benquista, por isso a pausa palavra por palavra, em ritmo descendente. Muito bom!

Luciana disse...

Agora são outros olhos que olham pra tudo isso, porém de uma maneira não mais aérea e sim profunda e compreensiva.

:)