Gostaria que soubesses,
apesar de não quereres,
que se a morte me viesse
reclamando seus haveres,
eu diria "Morte, veja,
não há muito o que levar.
Leve a um verme que rasteja,
tens, assim, mais a ganhar.
Sou apenas restos, pó,
sou apenas estilhaços
- por favor deixe-me só,
o que queres com pedaços?
Não percebes que sou pouco,
que não valho os teus esforços?
O que queres com um louco?
Buscas vidas? Sou remorsos.
Corre atrás de ventanias
e terás muito mais sorte:
ganharás mais os teus dias
se buscares algo forte.
Sou remorsos e fraquezas,
um eterno sofrimento
- Ouve, Morte, com franqueza:
eu não valho o investimento."
6 comentários:
Muito bom,
muito bom mesmo.
=D
abraço
Persuasivo, sem dúvida, mas será que essas palavras conseguiriam ludibriar "a soberana dos sinistros impérios de além-mundo"? Creio que não: ela conhece o seu valor, sabe que em seu discurso é fragmento, restos humanos, mas esse mesmo discurso desnuda sua consciência que se disfarça de loucura. Os seus pedaços não fazem de você homem-escombros, mas indivíduo-plural.
Abraços.
Gostei!
Passei por aqui... parabéns pelo blog, gostei muito...
Oliveira Miranda Neto
"Não percebes que sou pouco,
que não valho os teus esforços?
O que queres com um louco?
Buscas vidas? Sou remorsos."
Lindo! Esse é ótimo! gostei da forma desse texto, muito gostoso de ler!Parabéns Léo
^^
Poeta, você vale todo investimento,esse investimento nosso de leitorres ávidos por textos bonitos para além dos clássicos. É uma prova de que há bons escritores nesta terra, mesmo depois da morte de gênios como Rosa e Cecília.
Postar um comentário