30 de outubro de 2011

A sua amizade

Eu não sei por qual motivo
permaneço firme e forte
ao seu lado e ainda vivo
se você me leva à morte:

não lhe ter é quase ser
um cadáver, um defunto
- preferível, então, morrer
e encerrar de vez o assunto.

Eu não sei se você sabe:
você tem meu coração.
Devo, agora, ver se cabe
esse amor em um caixão?

Eu pergunto, me desculpa,
pois não sinto que me queira...
...resta, então, não sinta culpa,
dar-me à morte verdadeira.

Se os meus olhos não conseguem
junto aos seus firmarem laços,
peço aos deuses que me ceguem
e fim ponham aos meus passos!

Nada, nada vale à pena
se não vamos ficar juntos!
Quero, então, sair de cena
- ser amigo de defuntos.

Um comentário:

Marcelino disse...

Eis um texto leve (apesar de falar em defuntos e caixões) e até um certo ponto bem-humorado, talvez por tua opção em usar as redondilhas, uma métrica tão popular e tão bem assimilável pelo leitor, com uma musicalidade extraordinária. Parabéns, bicho-poeta!