16 de agosto de 2009

Espólios

Como dói meu coração,
nem consigo respirar
- sem você me falta o chão,
eu não posso caminhar.

Como sofro e me enfraqueço
se você não está por perto
- de você nunca me esqueço,
sem você nunca estou certo.

Não consigo imaginar
minha vida desse jeito:
sem você a me acompanhar,
sem seu colo, sem seu peito!

(Ah tristeza, minha amiga,
faça a mim esse favor...
...diga à vida, essa inimiga,
que não vivo sem o amor
que me fez perder o rumo,
o juízo e toda a sorte;
que sem ele - afirmo e assumo -
eu prefiro a minha morte!)

Eu não posso, nem eu quero,
viver longe dos seus olhos;
sem você me desespero,
não sou mais do que os espólios,
não sou mais do que as migalhas
de uma vida sempre em erro...
...sem você visto as mortalhas
e me levo ao próprio enterro.

2 comentários:

Marcelino disse...

Estou gostando dessa tua aposta nas redondilhas maiores (versos heptassílabos). É um exercício técnico excelente e muitos dos nossos grandes autores a ele já se renderam, veja só o caso do ótimo Gonçalves Dias na sempre retomada "Canção do Exílio": " Minha terra tem palmeiras/ Onde canta o sabiá...".
O texto anterior "Mal no coração" também vai nessa linha, está muito bom. Um grande abraço.

Ígor Andrade disse...

Gostei!
Agradeço a visita.
Volte sempre!
Abraço!