6 de agosto de 2009

Angústia

Nada, nada dói-me tanto,
tanto quanto o teu silêncio
(ninguém sabe do meu pranto,
eu não vivo sem um lenço).

Nada, nada dói-me mais
do que a dor por não te ver
(ninguém sabe dos meus ais,
não sei mais o que fazer).

Nada, nada me desgraça
tanto quanto o teu sumiço
(ninguém sabe o que se passa
no meu peito movediço).

Ah, motivo dos meus prantos,
dessa angústia, dessa dor
- ninguém sabe dos encantos
e tormentos desse amor!

4 comentários:

Marcelino disse...

Carambas! Eu leio e parece que estou em frente a um texto de Cecília Meireles (acho q já comentei isso contigo, essa proximidade mágica e lírica com a maior das nossas poetisas). É essa repetição dos dois últimos versos de cada estrofe, a relação estabelecida com a temática do texto, a rima bem urdida...esses elementos fazem do teu texto um constructo agradabilíssimo, capaz de atingir leitores de quaisquer níveis... dá para esquecermos ( e esqueça!) o desvio na colocação pronominal (nada me dói), isso interessa pouco diante do conjunto. Um abração!

Curtt disse...

"Nada" é um pronome indefinido e, por isso, palavra atrativa. Ou seja, exige próclise (pronome oblíquo átono ANTES do verbo). Pan y vino tem razão, no entanto esse desvio é aceitável quando se deseja priorizar a musicalidade do verso. Poetas românticos brasileiros faziam isso com frequência.


Abraços

N. Moscardi disse...

Comentários técnicos a parte, rs, estava com saudade de ler teus poemas. Você nasceu com um dom, é quase um "poeta pré-fabricado". Vinícius que se cuide! haha

Um beijo, sumido ;*

Léo Abrão disse...

Ainda bem que tenho colegas poetas e professores de português me ajudando. Ou ajudando-me. Ajudando :-) Obrigado, sempre! :-)