4 de março de 2008

Presente

Escrevo à noite e quando durmo estou pensando
e te lembrando enquanto penso o sono espanto:
dói-me a cabeça, o corpo sente em se cansando,
explodem dores que torturam-me, dói tanto!

Espero o dia, o sol levanta-se às claras,
mas vou versando-te com luzes de uma vela:
meus olhos fecham-se se chego em vezes raras
à claridão que rompe as frestas da janela.

Em versos longos de cadência calculada
busco rimar-te à perfeição que dá-te forma...
...mas imperfeitos são meus versos, quase nada:
somente Deus com versos santos te contorna.

Nesse entretempo que separa as duas noites,
naturalmente me tortura a Natureza:
meu coração se bate apanha desse açoite
e se respiro inspiro os ares da tristeza.

O tempo logo o tempo, tempo, tempo, passa
e chega o tempo de mostrar-te o meu presente;
te encontro enfim, mas ouço assim com ar de graça:
"Estou com pressa. Eu sinto muito, infelizmente..."

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